Elas na Expo: a mulher, os seus desafios e suas conquistas

Obras - Sexta-feira, 11 de Outubro de 2019


Elas na Expo: a mulher, os seus desafios e suas conquistas Agricultoras, sindicalistas, acadêmicas, políticas, profissionais de diversos setores, educadoras, participaram de uma roda de conversa, coordenada pela servidora da Unidade Básica de Saúde, Mengele Dalponte. O encontro foi aberto pela prefeita de Itatiba do Sul, Kátia Tozzo. Única prefeita da região, Katia está no segundo mandato e falou sobre os desafios da administração pública. “Cada gestor precisa imprimir uma marca ao seu governo e eu não quero ser lembrada pelas obras que fiz, e sim pela gestão participativa, pela inclusão das pessoas na administração pública”, enfatizou. Cleonice Bach, que milita no movimento da juventude rural desde 16 anos, foi eleita vereadora aos 21 e é suplente do senador Paulo Paim, lamentou a pouca participação das mulheres nos espaços de decisão. “Muitas vezes em mesas de autoridades, sou a única mulher presente. Quando fui vereadora, era a única mulher entre 8 homens”, contou. A campanha política para o senado veio junto com a maternidade e apesar de dizer eu não é fácil carregar um bebê em meio a eventos e mobilizações, afirma que nada é impossível. “Grávida, percorri 35mil km na campanha pelo RS e participei de uma audiência pública da previdência, em Brasilia, com uma bebê de três meses no colo. Ela vai comigo aonde eu for”. Aline Lotti, educadora física em Aratiba, relatou o preconceito que sofreu quando, adolescente, gostava de futebol. “Busquei a educação física para quebrar esta barreira e conquistar espaço”, disse. O encontro também teve a participação da primeira dama de Aratiba, Neli Granzotto, que mesmo com a eleição do marido para a prefeitura da cidade, manteve todas as suas atividades. Neli dirige uma empresa, é pós-graduada em psicanálise, tem três filhos, dedica tempo a terapias como meditação e ioga e deu a receita para ficar bem em meio a tantas atividades. “Autoconhecimento é tudo. Ele faz com que você seja mais autêntica, não faça o que os outros esperam e, sim, o que é melhor para você”. A sindicalista e professora Zeniclea Degeroni, defendeu a educação como ponto de partida para a mulher ocupar espaços. Ela é agricultora e durante a graduação se sentiu incomodada pelo fato de que seus professores não vinham da classe trabalhadora ou da agricultura. “Meu empoderamento se deu a partir de uma educação crítica e reflexiva e isso me motivou a estudar para ocupar mais espaços, porque quem deve nos representar somos nós mesmos, do contrário, outros virão e dirão o que devemos fazer”, afirmou. Já a agricultora Sabina Delagostin, defendeu o seu espaço de militância: o meio rural. “Pela sua atuação a mulher fortalece o meio onde ela está”, disse, complementando que tudo o que conquistou foi graças à dedicação e trabalho e a nunca deixar de reservar um tempo para si. Jaqueline Brandão, coordenadora pedagógica da APAE de Aratiba compartilhou a sua experiência de trabalhar com os especiais depois que se aposentou no magistério. “A experiência mostra que a máquina pode substituir muitos, mas nunca substituirá o educador. Estar dentro da APAE proporciona uma experiência fantástica, não existe competitividade, existe o ser e não o ter, trata-se de pessoas iluminadas, que realmente são especiais, o que nos faz ver que a inclusão é um grande avanço”, testemunhou. Complementando esta experiência, o depoimento de Ivanete Dassoler, mostrou a outra face de quem tem um deficiente na família: o preconceito. Quando fiz a minha ecografia e soube que minha filha tinha síndrome de down, o médico comentou que não gostaria de ter um filho assim. Naquele momento eu disse: mas eu quero! E assim vamos vivendo, com o preconceito, que se nota nos olhares”. A filha de Ivanete está incluída na escola e ela é beneficiada pelo Cuidando de Quem Cuida, que permite que ela faça metade da jornada de trabalho para poder cuidar da filha. “Hoje o maior desafio é a inclusão, mas isso não é fácil, há dias bons, há dias ruins, mas eu não trocaria a minha filha por outra”, afirmou. A maternidade também foi um fator importante para Zeni Reiser superar dificuldades. Como não pôde ter filhos, Zeni e o marido adotaram uma criança, mas quando o menino completou sete anos veio o diagnóstico de um grande tumor no corpo de Zeni. Foram três anos de luta contra a doença e Zeni afirma que a família foi fundamental para a cura. “Meu filho, na sua inocência, me dizia que eu não deveria abaixar a cabeça e desde que toquei o sino da cura, este sino bate todos os dias dentro de mim.” Se algumas mulheres tem que lutar contra o preconceito em relação aos filhos, outras sentem na pele. A técnica de enfermagem Cintia Flores que cresceu com uma touca na cabeça para fugir dos comentários racistas na escola, só viu o preconceito se tornar maior à medida eu foi crescendo. "Eu trabalhava no programa guri trabalhador, monitorava crianças, e ouvia insultos. Era chamada de macaca, diziam que eu tinha o sangue sujo e não podia toca-los”. Mais tarde, quando começou a trabalhar na UBS do município, a resistência de alguns também foi grande. “As pessoas não estavam acostumadas a ser atendidas por um negro, mas o que me fez ir adiante foi o fato de que os demais negros se sentem mais acolhidos e consigo mostrar às crianças pobres e negras que a vida delas não precisa se resumir a limpar chão”. A secretária de saúde, Débora Cenci encerrou o encontro ressaltando que “para ser forte a mulher não precisa se inibir de sentimentos, a gente precisa se permitir ser quem é, não importa se não somos mães, se não somos, se temos ou não um companheiro ou uma companheira, a nossa luta é muito grande e o mais importante é a empatia umas com as outras”, disse. O prefeito, Guilherme Granzotto, elogiou a iniciativa. “Este encontro mostra que pequenos gestos podem ter um grande alcance, que podem mudar a vida das pessoas”, disse.

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